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A mostrar mensagens de maio, 2009

Coisas quotidianas: o rio

Para algumas coisas a explicação não basta , e a revelação não significa a conclusão de um sentimento, e menos ainda da ideia de uma emoção. À mesa do almoço, depois de uma opinião exacerbada perguntaste-me porque é que gostava de ti. E eu não te soube responder porque na verdade cedi sob um turbilhão de imagens: o vinho em promoção do supermercado do bairro que é sempre bom quando bebido contigo, o barítono da tua voz a falar sobre as propriedades da luz e seus efeitos nas plantas da varanda, e este rio Arga à porta de casa com o seu presto con brio. Agora percebo que tipo de história posso contar quando convocado por estas imagens. - Mas não, não te iludas comigo, eu não posso explicar porque é que te amo.

Coisas quotidianas: a fatura

Sabes aquele pássaro de asa quebrada, assustado, que manténs aprisionado no sótão da tua consciência? Sabes aquela carta escrita, há anos, que nunca enviaste ao destinatário e sequer assinaste? Sabes aquele beijo que faria toda a diferença no enredo do antigo romance? Sabes a palavra maldita que nunca disseste e que te fere a garganta como uma espinha de aço inoxidável? Sabes, a fatura acabou de chegar.