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A mostrar mensagens de dezembro, 2009

Manuel Bandeira

Em uma tarde perdida num qualquer domingo de 1998, na minha casa no centro do Rio de Janeiro, eu assistia, meio dopado pelo terrível efeito que os domingos têm na minha vida, a um documentário pela televisão. Nele aparecia Manuel Bandeira a caminhar, em 1959, pela mesmíssima paisagem que eu via da minha janela. Lembro-me da sensação estranha que eu tive no momento, como se confundisse os tempos do mundo, e 1959 fosse 1998 ou vice-versa. O prédio onde eu vivia aparece com a integridade física e moral do art-decô que tanto marcou a identidade arquitectónica carioca dos anos 30 e 40. O filme é do Joaquim Pedro de Andrade e retrata um dia na vida de Manuel Bandeira. Eu posso estar a sonhar agora, mas acho que naquela tarde de domingo, confundindo realidade e fantasia, eu desci até a esquina para ver Manuel passar. Mas era domingo, numa tarde para ser de todo esquecida, e Manuel, esse, já não existia mais. É com o sonho que vejo novamente esse pequeno documentário, que me faz reencontrar a

Poesia e política

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Madrugada, a cabeça às voltas com um pensamento atormentado pela insegurança de não saber como começar um texto político. E no entanto, o amor está lá dentro deste texto que ainda não existe, como o sonho habita o interior de uma pedra ou o canto que ainda dorme nas entranhas do galo. Pensar em poesia e política é isso mesmo, invocar a Ferreira Gullar.