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A mostrar mensagens de junho, 2011

A cidade resistente

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Apesar do Poder desejar o contrário– e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras é somente um deles – Lisboa continua a resistir na sua vocação histórica de ser o que sempre foi: uma cidade aberta. “Oscilando como uma grande barca”, como dela disse Sophia. Às vezes é cruel no seu capitalismo periférico, arrogante e bacoco. Outras vezes, nela se tecem os laços de solidariedade que fazem gerar novos lisboetas, habitados por outros idiomas, enredos e lutas – e com histórias para contar, a quem tiver o tempo e a delicadeza para ouvir. Se é como dizem, a cidade dos desaparecidos, é também a cidade das antecipações. Lisboa, ante-sala de tudo, Lisboa alpendre do meu encontro com Sarajevo. - Esta é a Lisboa que me ensinaram a compartilhar!

O horrible, O horrible, most horrible!

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Na foto acima, Caio Lhennyson da Silva Costa dirijo-nos o seu olhar cheio de vida e de expectativas de quem acaba de perceber a extensão vasta do mundo. Tem 18 anos e pensa que, de tão grande que é o universo das coisas, seguramente haverá um sítio para ele. Um lugar onde possa usufruir a liberdade de ser feliz, um direito que tem, embora ainda não possa teorizar sobre isso. A foto acima é de alguém que foi cruelmente assassinado. Não há palavras para descrevê-lo. Não há lágrimas suficiente para chorá-lo. A sensação de impunidade que envolve os crimes no Brasil deixa-me com vontade de vomitar. A cada 36 horas, alguém é assassinado no Brasil por motivações homofóbicas. Os olhos castanhos do Caio, coagulados aqui na foto, clamam por justiça, embaraçam a minha liberdade e me deixam profundamente triste. E tenho tanto ódio, e queria tanto esbofetear alguns políticos no Brasil - e que me habitasse uma raiva que fosse capaz de mover as esferas... Mas não consigo fazer nada por agora, Caio.