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A mostrar mensagens de outubro, 2012

Sud Express

Embarcámos em Vitória-Gasteiz e não sabíamos nada um do outro. Como sempre, armei-me de silêncio e de um livro para garantir uma viagem tranquila. Por timidez (?) falo cada vez menos com estranhos, mas com ele não foi assim. Com somente seis palavras em castelhano já havíamos percebido que éramos brasileiros. Deixei-lhe que escolhesse a liteira . Ele me disse que qualquer uma estava bem. Instalei-me e já me preparava para continuar com a leitura do livro Os demónios, de Dostoiévsky, quando inesperadamente sem se aperceber que eu tinha o livro nas mãos, ele começou a me contar a sua história utilizando o idioma de Riobaldo. Então parei o que ia fazer e ouvi, com a mesma atenção que pretendia dedicar à história dos revolucionários russos do século XIX, a narração daquele rapaz saído do interior das Minas Gerais para “ganhá mundo” e encontrar um lugar só seu no meio de tanta indelicadeza globalizada. Dizia-me: “Eu nem sabia o que era passaporte. Tinha umas trampa pra ir pros Estado