A quarentena




Na verdade sempre fantasiei que voltaria a escrever neste blogue movido por um tema que se relacionasse com alguma paixão avassaladora - dessas que me atingiam em cheio no coração quando vivia em Lisboa - e que me obrigaria a buscar a poesia como o sedento a água. E escrever era a minha água de então. Mas não é nada disso. A escrita agora cumpre com outra função. Mas qual é? Escapar do confinamento? Isto eu faço com a leitura e vendo Drácula na TV. Comunicar-me com os outros expondo as minhas ideias e opiniões sobre a realidade que nos cerca? Isto nunca fiz, nem tenho o talento exigido. Então, o que me resta? Não sei. Mas intuo, e esta coisa de intuir já leva em si mesma alguma forma de conhecimento, que escrevo simplesmente pelo ato de escrever. Somente isto, nada mais. Encadear uma palavra atrás da outra e, neste processo, onde pervertemos as ferramentas que foram inventadas pelos fenícios para contabilizar os impostos, descobrir, maravilhados, que alguma história pode surgir; que do instrumento criado para dar corpo fiscal à ganância, apareceu uma nova maneira de preservar a memória ou inventar o futuro. 


                                                            - Escrever por escrever, sem pretensões.






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