Dos territórios

Não há um único território onde eu me sinta confortável. Talvez seja esta, e não outra, a condição que me faz reflectir sobre o estado das coisas. Depois de dez longos anos deixo Lisboa definitivamente, e este advérbio cabe aqui em todo o seu significado. Voltar a escrever noutra terra, de onde posso, daqui desta janela, observar o curso discreto do rio Arga, é para mim um privilégio recuperado. Algo que me reconduz à fantasia necessária que me ajuda a pensar que sim, que há algum lugar no mundo onde eu possa me sentir seguro.


Fantasias servem para isso. Uns as compram nas agências de viagens que prometem sonhos no deserto ou num spa em Hammamet, outros as compram a um dealer na esquina escura mais próxima, ao preço de mercado, e outros à prazo em qualquer loja de centro comercial. A minha fantasia custa-me um pouco mais cara, e não me garante grandes coisas - mas não sei viver sem ela: a escrita. Por isto, dou-me a mim as boas-vindas, neste território movediço e inseguro que é a escrita.


De agora em diante, escrevo da cidade que tem dois nomes: Iruña e Pamplona, e não tenho a menor ideia do que me acontecerá por aqui.

Agur!

Comentários

Sun Iou Miou disse…
Gau on, Oscar.

Nem imaginas quantas vezes tenho entrado no Finisterra velho à procura das tuas palavras.

E foste aparecer hoje, precisamente, de entre todos os dias, em que eu ando tão falta delas para te dar as boas-vindas como mereces ao território terra e ao território escrita.

Vá escrevendo-te, então, e se algum dia te achegas às águas do Minho, não deixes de chamar na porta.

(É uma honra estar aí fora na primeira página.)

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