Vi o programa (as 6 partes) até ao final (e digo vi porque fora do traduzido nas entrevistas pouco percebi, mas desse pouco achei fascinante.
Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.
Já lá estamos nos 28 dias transcorridos do novo ano. 2010 praticamente não existiu para mim aqui no blogue, mas foi um ano cheio de transformações, das que ainda não reflecti muito bem o seu alcance. Voltar a escrever com regularidade não prometo, que isso de prometer coisas e não cumprir tem sido o meu talento secreto. Mas que falta sinto da escrita, isto sim é uma verdade que me dou conta. Também tenho de admitir: quando não tenho nada para dizer, nada é exactamente o que faço, outro talento secreto, recentemente descoberto.
“Este blogue é mais forte do que eu”, talvez assim começasse este texto Clarice Lispector se vivesse, como nós, na era digital. Na verdade nem sei porque ainda mantenho o Finisterra. Talvez por esperança de um dia voltar a ele como fazia nos idos entre 2004 e 2007. Naquela época, este blogue era o porto mais seguro para alguém que vivia à deriva nas emoções de uma vida entre Lisboa e Túnis. Já tentei recomeçá-lo várias vezes e nunca o consegui de todo. Esta será outra tentativa, um pouco por conselho de amigos e alunos, outro tanto porque será um ano inteiro de uma viagem que se propõe à volta do mundo. A viagem é sonho do Miguel que decidiu compartilhá-la comigo. Admito publicamente que tenho receio de me afastar tanto tempo de casa. A idade, e não o casamento, foi fazendo de mim o homem caseiro em que me tornei. A minha grande odisseia quotidiana é ir ao café perto da minha casa, ler o jornal e falar com poucos. Eu não era assim, mas me tenho simpatia. E uma viagem ...
O outono parece ter encontrado o seu curso decisivo e anuncia o tempo de recolha verbal onde as palavras buscam, na economia dos gestos, as linhas transparentes que marcam os limites entre a ontologia das coisas: a árvore, ou o que dela resta, se confunde na paisagem morta das folhas no seu encontro com o rio. Esse é o mundo lá fora, um teatro sem clímax. Aqui dentro o espectáculo é outro, e como gosto de te ver movimentar as plantas pela casa como se fosses um meticuloso botânico da Mesopotâmia, à espera de mais um pedido para embelezar os jardins suspensos de Nabucodonosor II. Fico quieto, e enquanto me detenho nos teus olhos castanhos, investigo que espécie de fio condutor fez encontrar as nossas histórias. E por um momento, percebo que não preciso justificar a minha felicidade. Há um vento forte lá fora, e tu vais à cozinha a preparar-nos um chá.
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Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.