Vi o programa (as 6 partes) até ao final (e digo vi porque fora do traduzido nas entrevistas pouco percebi, mas desse pouco achei fascinante.
Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.
Na verdade sempre fantasiei que voltaria a escrever neste blogue movido por um tema que se relacionasse com alguma paixão avassaladora - dessas que me atingiam em cheio no coração quando vivia em Lisboa - e que me obrigaria a buscar a poesia como o sedento a água. E escrever era a minha água de então. Mas não é nada disso. A escrita agora cumpre com outra função. Mas qual é? Escapar do confinamento? Isto eu faço com a leitura e vendo Drácula na TV. Comunicar-me com os outros expondo as minhas ideias e opiniões sobre a realidade que nos cerca? Isto nunca fiz, nem tenho o talento exigido. Então, o que me resta? Não sei. Mas intuo, e esta coisa de intuir já leva em si mesma alguma forma de conhecimento, que escrevo simplesmente pelo ato de escrever. Somente isto, nada mais. Encadear uma palavra atrás da outra e, neste processo, onde pervertemos as ferramentas que foram inventadas pelos fenícios para contabilizar os impostos, descobrir, maravilhados, que alguma história pode surgir...
“Este blogue é mais forte do que eu”, talvez assim começasse este texto Clarice Lispector se vivesse, como nós, na era digital. Na verdade nem sei porque ainda mantenho o Finisterra. Talvez por esperança de um dia voltar a ele como fazia nos idos entre 2004 e 2007. Naquela época, este blogue era o porto mais seguro para alguém que vivia à deriva nas emoções de uma vida entre Lisboa e Túnis. Já tentei recomeçá-lo várias vezes e nunca o consegui de todo. Esta será outra tentativa, um pouco por conselho de amigos e alunos, outro tanto porque será um ano inteiro de uma viagem que se propõe à volta do mundo. A viagem é sonho do Miguel que decidiu compartilhá-la comigo. Admito publicamente que tenho receio de me afastar tanto tempo de casa. A idade, e não o casamento, foi fazendo de mim o homem caseiro em que me tornei. A minha grande odisseia quotidiana é ir ao café perto da minha casa, ler o jornal e falar com poucos. Eu não era assim, mas me tenho simpatia. E uma viagem ...
Já lá estamos nos 28 dias transcorridos do novo ano. 2010 praticamente não existiu para mim aqui no blogue, mas foi um ano cheio de transformações, das que ainda não reflecti muito bem o seu alcance. Voltar a escrever com regularidade não prometo, que isso de prometer coisas e não cumprir tem sido o meu talento secreto. Mas que falta sinto da escrita, isto sim é uma verdade que me dou conta. Também tenho de admitir: quando não tenho nada para dizer, nada é exactamente o que faço, outro talento secreto, recentemente descoberto.
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Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.