Vi o programa (as 6 partes) até ao final (e digo vi porque fora do traduzido nas entrevistas pouco percebi, mas desse pouco achei fascinante.
Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.
Já lá estamos nos 28 dias transcorridos do novo ano. 2010 praticamente não existiu para mim aqui no blogue, mas foi um ano cheio de transformações, das que ainda não reflecti muito bem o seu alcance. Voltar a escrever com regularidade não prometo, que isso de prometer coisas e não cumprir tem sido o meu talento secreto. Mas que falta sinto da escrita, isto sim é uma verdade que me dou conta. Também tenho de admitir: quando não tenho nada para dizer, nada é exactamente o que faço, outro talento secreto, recentemente descoberto.
O outono parece ter encontrado o seu curso decisivo e anuncia o tempo de recolha verbal onde as palavras buscam, na economia dos gestos, as linhas transparentes que marcam os limites entre a ontologia das coisas: a árvore, ou o que dela resta, se confunde na paisagem morta das folhas no seu encontro com o rio. Esse é o mundo lá fora, um teatro sem clímax. Aqui dentro o espectáculo é outro, e como gosto de te ver movimentar as plantas pela casa como se fosses um meticuloso botânico da Mesopotâmia, à espera de mais um pedido para embelezar os jardins suspensos de Nabucodonosor II. Fico quieto, e enquanto me detenho nos teus olhos castanhos, investigo que espécie de fio condutor fez encontrar as nossas histórias. E por um momento, percebo que não preciso justificar a minha felicidade. Há um vento forte lá fora, e tu vais à cozinha a preparar-nos um chá.
Para algumas coisas a explicação não basta , e a revelação não significa a conclusão de um sentimento, e menos ainda da ideia de uma emoção. À mesa do almoço, depois de uma opinião exacerbada perguntaste-me porque é que gostava de ti. E eu não te soube responder porque na verdade cedi sob um turbilhão de imagens: o vinho em promoção do supermercado do bairro que é sempre bom quando bebido contigo, o barítono da tua voz a falar sobre as propriedades da luz e seus efeitos nas plantas da varanda, e este rio Arga à porta de casa com o seu presto con brio. Agora percebo que tipo de história posso contar quando convocado por estas imagens. - Mas não, não te iludas comigo, eu não posso explicar porque é que te amo.
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Tenho para aí uma matéria pendente com a filosofia, que me aborrecia mortalmente no liceu, nas aulas das 4 da tarde, a combater o sono da lengalenga do professor. Está na hora de recuperar o tempo perdido.
E agora, fiquei sabendo que talvez não vou escrever muito já, mas sempre será demais. É difícil saber quando a gente deve parar: isso é privilégio de mentes lúcidas.