Noite Transfigurada



É fácil descrever: estou na sala, só, compenetrado a ouvir Noite Transfigurada de Schoenberg. É inverno. Na partitura, o diálogo entre o violino e o violoncelo. Nesse instante, ele entra silencioso e cruza a sala em diagonal, liga o aquecedor e depois vem na minha direção com uma manta. Agasalha-me e em seguida sai, deixando no rasto o esboço de um sorriso. Na composição, o homem e a mulher já transfigurados pela alegria seguem iluminados através do bosque. Eu dou comigo a pensar no quão simples é a felicidade. E da plenitude da minha consciência vem o gozo e a satisfação de saber que somos habitantes transitórios nestes momentos de paz. Então, mais uma vez na vida experimento a lucidez de quem, em regozijo, observa de um ponto fixo fora do universo, a alegria invadir um coração desatento.

Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
É dificil ainda para mim gostar da Noite Transfigurada de Shoemberg, mas tal vez tenha de ler esse libro do ruido para començar a gostar.
Gostei do cuadro de Van Gogh e gostei muito do teu escrito.


V

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