Cейчас я могу говорить // Agora posso falar!




                                                        "Cейчас я могу говорить."


Agora posso falar!

A primeira vez que vi este filme parei de respirar logo na primeira cena. Um menino liga a televisão. Dentro dela, um outro menino (a caminho de se tornar um homem) submete-se a um tratamento para curar-se de uma gagueira. Uma mulher, cientista xamânica, pousa-lhe as mãos em cima, e em pouco mais que um minuto o jovem estudante de um instituto de Kharkov já pode dizer o libertador e poético "agora posso falar". O que vem depois é um longo poema cinematográfico esculpido com a matéria mais frágil que há, o tempo.

Assumo também que neste grande (enorme, como diz meu amigo Victor Hugo) poema visual que se chama "O espelho", está contida a minha história mais íntima: as ausências do pai, a mãe que empenha a única jóia de família, os momentos clandestinos de literatura, os deslizes e longos hiatos de uma chamada telefónica. E há a chuva, a história de famílias desterradas por uma guerra e os desencontros do amor. Sinceramente, como é possível que esse homem soubesse tanto de minha vida.

- Sim, agora posso falar!



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